Jogos planilháveis are my passion

Depois da saga do com o Railroad Tycoon de tentar finalizar todas a campanhas ganhando a medalha de ouro em todas as telas (saga ainda não finalizada), comecei outra também no ramo das ferrovias digitais: Railway Empire (adquirido quando estava gratuito na Epic Games) – outro jogo na categoria tycoon – jogos planilháveis, os melhores jogos.

Por enquanto joguei apenas as duas primeiras telas da campanha, mas senti que Railway Empire adiciona bastante complexidade se comparado com o clássico Railroad Tycoon – série em 1990 na consagrada Microprose e teve participação de gente com trabalho incrível na categoria “jogos planilháveis”, Civilization é um exemplo.

O Railway também tem mais micro-gerenciamento: você precisa planejar as rotas de maneira que não tenha congestionamento nos trens – o que achei um pouco complexo no início e comecei a adorar em meu último jogo.

Você também tem que cuidar da parte de contratação de equipe – algo opcional, mas que permite bastante otimização de resultados financeiros nas linhas dos trens que você otimizar a equipe.

Você também pode contratar pessoas para cargos na empresa para conseguir alguns bônus (engenheiros, contadores, etc) e sabotadores. Esta parte foge um pouco do estilo tycoon clássico e achei dispensável – adiciona um pouco do RTS e sensação de ter inimigos e não competidores no jogo.

Como está lá e meu objetivo é fechar tudo com score máximo, vamos usar.

O Railroad tem um sistema de “medalhas” para mensurar sua performance em cada tela do jogo, com objetivos necessário para passar em cada uma das 3 medalhas.

O Railway mede sua performance com uma pontuação de 0 a 30 no final do jogo, tem missões opcionais ( necessárias apenas para chegar a 30 pontos).

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O jogo também tem o mercado financeiro e a possibilidade de comprar e vender ações de concorrentes (mas, até onde vi, não da sua própria empresa e nem a possibilidade de criar novas empresas, pelo menos no modo campanha).

Existe também um mercado financeiro de commodities – que ainda não entendi muito bem o funcionamento, nem se é possível manipulá-los de alguma maneira e se é afetado pelas minhas decisões (rotas e conexões feitas no mapa e economia do jogo).

Uma diferença para os jogos da série Railroad é a impossibilidade de utilizar os trilhos dos concorrentes pagando uma taxa por isso – essa impossibilidade cria algumas bizarrices no jogo, como construção de duas estações de trem (sua e do concorrente) lado a lado na mesma cidade, e trilhos seguindo lado a lado para os mesmos destinos.

A construção de trilhos, que achei um pouco entediante no início, passei a achar muito divertida – como criar rotas rápidas que não causem tráfego? Você define o sentido de cada trilho e posiciona os sinais de parada nas intersecções – além da parte de estratégia e economia, é importantíssimo otimizar os trilhos e as rotas mais lucrativas de maneira que seus trens fiquem o menor tempo possível aguardando a liberação dos trilhos.

Tchoo tchoo!

Wanderlust

Foram 7 meses saindo de casa apenas para o extremamente necessário: mercado, farmácia, açougue, comida para os gatos (ainda farei uma análise de dados de geolocalização neste período).

Sábado fui a BH, mas a negócios e bate-volta: quase nem conta! Infelizmente entrei num avião pra parte do processo. Dessa viagem saiu uma reflexão que me fez perceber e assumir algumas coisas.

Ontem sim, a primeira aventura e viagem por lazer neste período: finalmente visitando a família no sul, depois de 7 meses longe.

Desta vez curtindo a estrada (mesmo que de carro). E muito bem acompanhado.

Na pandemia, ainda mais importante evitar ambientes fechados, aglomerações e… buffet.

A #hobbitkjøkken móvel tornou-se ainda mais necessária. E segue com luxo – não foi um Coco Bambu como outrora – graças a maravilhosa @_biab e suas receitas nós comemos muito bem e com praticidade: macarrão com molho vermelho, berinjela, abobrinha, tomate cereja e atum. Um banquete possível de fazer numa única panela (dela tem uma queda por estas receitas denominadas pela estrangeirismo “one pan”).

Almoçamos com uma vista do Paraná e com infraestrutura melhor que muito camping: mesa, pia e água corrente. Paramos no mesmo lugar desta foto.

Mandei foto do almoço pra família, pra informar onde estávamos e como estava a viagem e a resposta de minha mãe: “o espírito cigano prevalece”.

E é isso. Wanderlust – uma palavra tão linda (obrigado Gogol Bordello por e assistente o termo) para um significado tão verdadeiro e presente em minha vida: desejo de viajar.

E eu não poderia ter uma companhia melhor parte estas aventuras, obrigado biábe!

Sou motoqueiro, porra!

Um dos motivos que gosto muito de viajar de moto é o estado de solitude trazido pela estrada, mesmo que esteja com (ou na) garupa.

Eu, a moto, a paisagem e a estrada – é uma longa e deliciosa meditação, ideal para organizar a bagunça que é o cérebro humano em seu estado natural: o de nunca parar.

Este post começou como um tuíte sobre outro assunto. Apaguei e virou um thread sobre viajar, que virou um post sobre moto. Apenas mais um exemplo do cérebro que nunca para.

Ontem fiz pouco mais que 700km viajando de carro, de Belo Horizonte a Sorocaba – um “bate-volta” atípico: fui voando e voltei rodando.

Nestes 600km e 8h ouvi 5 episódios de podcasts sobre variados assuntos, entre eles as eleições nos EUA, slow code/no code, investimentos ESG, a guinada digital da Magalu e ouro.

É raro eu viajar longas distâncias de carro sozinho. Sempre opto por pegar a estrada de moto quando isso é possível. É mais econômica, mais prática e pra mim, muito mais prazerosa.

Nesta viagem de carro não consegui replicar o sentimento de solitude de minhas viagens de moto – não sei se pelo estado de espírito ou pelo meio de locomoção.

Mas perceber isso me fez refletir e escrever sobre o assunto, pois só notei isso hoje, um dia depois da viagem. Quando comecei a organizar estas idéias e transformar em parágrafos o primeiro sentimento foi: aconteceu, eu virei o motoqueiro babaca.

Comecei a pensar sobre os motivos dessa diferença de sentimento entre as viagens de carro e moto – provavelmente como forma de tentar me convencer de que não virei o tiozão motoqueiro insuportável.

Que ironia que esta preocupação levou a escrever sobre viajar de moto – que talvez sejam exatamente o que define o esteriótipo “sou motoqueiro, porra“.

Tentei começar a listar o que traz a boa sensação e estar na estrada de moto, são vários fatores e tentarei abordar alguns.

Apreciar a paisagem, sem dúvida, me ajuda no sentimento de solitude, de sentir pequeno neste mundo gigantesco, de perceber que talvez meus “gigantescos” problemas pessoais sejam insignificantes neste universo.

Sentir-se insignificante é libertador.

Estar na estrada e poder admirar a paisagem me ajuda a ver entropia: tudo é desorganização e desordem, mas quase sempre funciona.

Infelizmente boa parte da viagem de ontem foi noturna – de moto sempre que possível evito rodar a noite, de carro não ligo de dirigir a noite.

No carro a paisagem, mesmo durante o dia, não é a mesma. No carro sou um espectador através de um limitador, uma tela. A janela uma TV que me afasta da realidade.

Não sinto o ambiente, os cheiros da estrada e do mato, o sol queimando ou a chuva gelada, o vento na cara. Cada vez mais o motoqueiro babaca emerge nestas palavras, eu sei que você tá me julgando.

Viajei algumas horas com o som desligado para pensar na vida (já viajei de moto ouvindo música, e é uma delícia também) mas também em nenhum momento consegui manter a total concentração que tenho na meditação ou na moto.

Viajar de moto exige muito mais concentração do que o carro. O risco é maior, talvez por isso.

Será que o que descrevo como solitude é só adrenalina? Serei eu um “junkie” por adrenalina? Pior ainda do que ser o motoqueiro chato, pois a chance de Darwin Awards aumenta.

A concentração é verdadeira. O prazer da solitude também vem da concentração, por isso sempre comparo uma viagem de moto com uma longa meditação.

E concentração me ajuda a lidar com ansiedade. A moto exige que meu cérebro se foque no agora e não nos “e se” do futuro.

Preciso estar com o olho na estrada, entrar na curva de maneira correta, estar pronto agora se o veículo da frente fizer alguma loucura. Tudo isso é sempre no agora.

A moto também permite que eu pare com facilidade em qualquer lugar. Gostei da paisagem? Encosto, me estico, dou uma respirada, olho ao redor.

Estar de moto na estrada também atiça a curiosidade de outros aventureiros. É parar para tomar um café ou almoçar e alguém vem puxar papo. Pra onde vai? De onde vem? Já troquei ideia com todo o tipo de maluco na estrada, recomendo.

Cheguei até aqui, você também. Tentei encontrar uma conclusão decente para este texto, que inicialmente se chamava “A meditação de 10h”.

Salvei como rascunho. Reli algumas vezes.

Olhei 15 minutos para o cursor de texto pisando no que seria o último parágrafo, procurando alguma ideia genial para tentar encerrar esta exaltação a um meio de transporte que coloca o piloto em risco, e acho que só existe uma saída honrosa num momento desses. Alterei o título e é hora de sair do armário.

Sou motoqueiro, porra.