
Nas últimas semanas caí na tenebrosa espiral negativa da sensação de improdutividade.
Ela começa com uma sensação de improdutividade causada por um motivo qualquer (uma consulta médica, a cabeça zureta, luto, se informar demais, o que seja) e o pensamento de culpa “Hoje não consegui produzir muito, vou ficar até um pouco mais tarde para compensar”.
E você fica. E produz pouco, pois está exausto. E acorda ainda mais cansado no dia seguinte, num estado mental deplorável, novamente improdutivo e pensa: “Bom, vou ficar até mais tarde para compensar e amanhã tudo normaliza”.
Mês passado peguei projeto demais, um projeto estimado errado, os mercadinhos continuam dando mais trabalho do que deveriam e o Condado está sempre alugado e com um pepino ou outro para resolver – o resultado foram 3 semanas trabalhando sem final de semana.
Coincidência ou não, adoeci.
Não sei se foi gripe, se COVID, alergia ou simplesmente um pedido de ajuda do corpo, pois a cabeça já foi pro beleléu há muito tempo.
Determinado a não trabalhar neste final de semana que passou, me limitei a trabalhar sábado de manhã.
Quando parei para fazer almoço lembrei de uma longínqua época em que eu era feliz e sabia – antes de me envolver novamente com varejo (mercadinhos) e sítio eu tinha mais controle sobre o meu tempo, trabalhando apenas com consultoria e desenvolvimento.
Conseguia treinar em paz, acordar quando o corpo pedia e também não atender meu telefone. Vivi o sonho neste período da vida, e consegui fazer um experimento de redução de carga horária sem impactar nos ganhos financeiros.
Outra época e outra saúde mental – que tenho dúvidas se algum dia voltará.
E neste sábado, abrindo uma cerveja e pensando em como lidar com o tédio de não trabalhar, tocou a melhor versão de Take On Me e num verso lembrei deste tuíte (skeet? bluskeet? post) do Tarsis:
Aprender a viver devagar é um exercício constante. Desligar o alarme de sobrevivência é difícil demais
— Tarsis Azevedo (@tarsisazevedo.com) 1 de abril de 2025 às 22:51
Aprender a viver devagar (Slowly learning that life is okay… tupá tupá) é um exercício que precisa de treino e monitoramento constante, pois – em qualquer descuido – o medo ativa o piloto automático, e você estará mais uma vez se perguntando, beirando a estafa e sem tempo para o melhor da vida (improdutividade, ócio criativo, matar tempo): o que é que estou fazendo da minha vida?