Desde muito novo sempre questionei a existência de deus . No meu caso, o deus cristão pois foi esta a religião com a qual convivi por conta da minha família e educação. E quando escrevo que “questionei” quero dizer que sempre duvidei fortemente da existência de uma “força superior” que tudo sabe, tudo vê e tudo pode controlar.
Mas foi somente na adolescência que finalmente entendi que eu poderia simplesmente não ter uma religião e que eu não precisava seguir nenhuma crença que não fizesse sentido para mim e que eu não seria punido por isso .
Foi libertador pois mesmo questionando a existência de deus, existia um conflito e medo de algum tipo de punição infernal na vida ou após a vida.Nesta situação a aposta de Pascal fazia sentido, um exemplo de como é tenebroso o poder e doutrinação religiosa, pois eu frequentava igreja (por livre e expontânea obrigação da minha mãe) e escola católica — e minha mãe ouvia muito padre marcelo rossi, acho que isso já é o próprio inferno.
Neste processo de “descobrimento” da minha não-religiosidade — já ouvi coisas como:
“mas não precisa ficar falando que não acredita em deus ou que deus não existe, isso pode ofender as pessoas”
Perdoem o francês, mas em primeiro lugar foda-se se eu não compartilhar sua crença de que existe um tipo de super-herói onipresente ofende a sua própria crença neste ser.
Eu também acho algumas coisas ofensivas.
Por exemplo, acho um insulto a inteligência um monte de argumentos e hipóteses religiosas sobre diversos assuntos, mesmo assim não tomo estes como uma ofensa pessoal — só não desejo que este tipo de informação não científica sejam transmitido para pessoas não interessadas ou que ainda não tenham capacidade cognitiva para distinguir o que é crível cientificamente do que não é (escolas, política, etc.).
Nunca entrei em uma porta de igreja/templo/terreiro disposto a “despregar”, ensinar lógica, ciência e convencer as pessoas de que elas precisam se dedicar as ciências exatas pois só isso purifica a mente e garante a vida cósmica eterna. E (infelizmente) também não sou dono de um canal de televisão e centenas de rádios para apavorar as pessoas de humanas e vender os verdadeiros milagres das ciências exatas (contando com isenção de impostos pois sabemos que ciências exatas são sagradas e estamos aqui para fazer o bem, Pi Tangente, Algoritmo, amém).
Uma ideia não pode ser simplesmente considerada “sagrada” e por ter este status ficar livre de críticas e opiniões diferentes.
Você pode se ofender. Não estou dizendo que você não pode achar blasfêmia e ofensivo eu dizer que deus não existe (não deveria, mas pode).
Mas o que deve ficar claro é que quando eu falo que deus não existe eu não estou atacando você. Estou simplesmente discordando de uma ideia improvável que você expressa sobre a existência de alguma coisa sem me apresentar provas desta existência.
Você pode falar “deus é demais e eu acredito nele como o criador de tudo” e eu posso achar isto bobo e contra a verdadeira crença das Ciências Exatas™.
Ao mesmo tempo, fosso falar “deus não existe enquanto não conseguirem encontrar uma maneira de provar que ele existe” — e você achar que estou blasfemando.
Segue a vida, eu e você podemos conviver com esta divergência de ideias. Mas lembre-se que a fé é somente sua e eu vou lembrar que a descrença é somente minha.
E se deus existisse, tenho certeza que ele não ia ficar ofendido com o meu uso do livre arbítrio e do questionamento da sua própria existência, já que não estou prejudicando ninguém com isso.
Porque você deveria se ofender?
Vá em paz, Pi Tangente, Algoritmo, amém.