O dia que perdi a ponta do meu dedo


Esses tempos refletia no twitter sobre a importância de tomar mais cuidado com tarefas domésticas, especialmente na cozinha, nestes tempos de pandemia.

Evitar acidentes e ter que enfrentar fila de hospital cheia de covid e desgraceira é uma coisa sensata e sempre tento manter isso em mente quando vou fazer alguma coisa potencialmente perigosa.

Mas você sabe que vida de babaca é atribulada.

Meu instrumento favorito na cozinha é um CUTELO. Não importa o que é, não importa o tipo de corte, prefiro usar o cutelo do que uma faca.

Cebola em cubos? Cutelo.
Brunoise? Cutelo.
Juliene? Cutelo.
Rodelas? Cutelo.
Cebola inteira? Descasco com o cutelo.

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Na cozinha eu e este cutelo somos carne e unha. Bem, nós éramos carne e unha, já que a unha ele levou embora.

Antes de qualquer julgamento devo esclarecer que não sou um completo incompetente na cozinha. Tenho lá minhas habilidades. E uma que sempre me orgulhou silenciosamente foi a capacidade de ser muito cuidadoso na hora de cortar e fatiar coisas – inclusive prefiro o cutelo a faca pois acho que facilita fazer a “mão de garra” que não deixa nenhum dedo no caminho da lâmina.

Mas, caro leitor, a vida (de babaca) é cheia de pegadinhas. A calabresa estava congelada. Quem tempo pra descongelar coisas, em pleno 2020?

Fui cortar ela congelada mesmo, obviamente usando a melhor ferramenta que um cozinheiro pode ter: meu cutelo.

Além de não estar sentindo muito bem os dedos devido ao manuseio da linguiça completamente congelada, ela estava bastante escorregadia pela camada de gelo acumulada misturada com a gordura.

No quinto ou sexto corte, o gelo exigindo muito mais força do que seria necessário em situações normais, finalmente aconteceu. Lá estava ela: a ponta do meu indicador. Meu dedo escorregou pra frente no exato momento que fiz força para baixo, deixando a ponta do dedo entre a tábua e o cutelo.

Um deslize naquela encebada linguiça calabrea e FLIF. O cutelo passou reto, atravessando o dedo. Como diria minha vizinha de Recife, TOROU a ponta do dedo.

Não sei se foi a adrenalina ou se foi o gelo, mas não deu nem tempo de sentir dor. Não tenho certeza de quanto tempo fiquei parado, observando a ponta do meu dedo ali separada do resto do corpo.

Foram quinze segundos? Cinco? Um minuto?

Ouvi o barulho do cutelo caindo no chão, foi então que retomei a consciência e percebi: meu dedo era um… BOLO.


Meu dedo tá bem, tá inteiríssimo. Só não aguento mais esse constante medo de que tudo seja um BOLO NO BOLOVERSO.


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